segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Total Freak Show

Existe um programa da People and Arts chamado Extreme Makeover - Home Edition.

É um show sobre construção e reforma de casas. Basicamente consiste em, em 1 semana, derrubar uma casa velha caquética (de uma família selecionada pelo programa), e construir uma nova em folha. Sim, em UMA semana.

Parece legal, né? E era mesmo. Os caras levantam a casa muito rápido, instalam canos e fiação elétrica, revestem banheiros, cozinhas, colocam piso, pintam, equipam, decoram, etc... Tudo em 7 míseros dias.

O programa começou muito bem, com detalhes da demolição, reconstrução e da decoração. A gente acompanhava todo o processo, e era bastante interessante.

Aí, de repente o programa começou a ficar um pouquinho mais... Sentimental, digamos. Não lembro como foi exatamente que a tendência apareceu, mas começou a surgir uma atmosfera mais apelativa, mais humana (argh).

A família beneficiada chorava em agradecimento, dava depoimentos emocionados, etc. E isso começou a ganhar mais peso na edição final. Aí, os apresentadores começaram a se emocionar, também. E a fazer coisas "especiais" e a se conectar sentimentalmente com algum membro específico da família. E isso ganhava uma grande destaque no programa.

Até que vi, uma vez, um episódio em que a família era composta de 2 pais surdos, um filho mais novo que era deficiente mental, e um garoto adolescente, que foi o responsável por toda a comunicação com a equipe do programa (já que era o único normal, haja vista os problemas mencionados).
Foi uma coisa absurda, esse episódio! Era uma choradeira dos projetistas, dos apresentadores, da família... Se bobear até o câmera estava chorando! Puta apelação, puta esqueminha politicamente correto.

Deve ter funcionado, porque a partir daí, foi ladeira abaixo: já teve programa com família de índios (metade do conteúdo do show foi de índios tocando instrumentos e cantando, em roda, em uma reserva), já teve programa de criança com câncer, já teve programa de criança em cadeira de rodas... E por aí vai.

Agora, se não há alguém doente, as chances de a família participar do show são nulas. Só entra coitadinho.
E se quiser acompanhar o que está sendo feito na casa, esqueça! Eles não mostram mais. Só se vê visitas a hospitais, desenhos de criancinhas à beira da morte, leitura de poesias em meio a lágrimas... A construção da casa nem aparece mais.

A última chamada que vi na TV mostrava o auge: uma família de uma mãe e suas crianças adotivas, todas elas fudidas com alguma coisa diferente. Uma tinha uma doença esquisita que fazia a garota parece uma velha anã. A outra, vivia na cadeira de rodas. Outra era retardada. E sei lá mais o quê.
Mas a cerejinha foi a garota que só tinha o torso e os braços. Sem nada da cintura pra baixo. Filmaram a garota se arrastando pelo chão da casa, numa cena completamente desnecessária e perturbadora. Eu não estava preparada pra ver aquele toquinho se arrastando pela cozinha, e ter que achar "legal".

Fala sério... Daqui a pouco vão fazer um programa com gêmeos xifópagos, ou uma criancinha de 2 cabeças... Ou alguém que nem aquela professora do South Park, que tinha um feto crescendo do lado de fora da cabeça.

Melhor mudar o nome do programa para Carnival, ou Freak Show, e chamar a mulher barbada pra apresentar. Sai fora!


Índios chatos pra caralho, na choradeira que durou meia hora de programa.


Garotinha com câncer: tema mais que presente.


2 comentários:

Anônimo disse...

Eu também adorava a idéia desse programa. Mas hoje em dia, se quiser ver a casa mesmo, tem que gravar e colocar em slow motion e todo o resto no fast forward.. Péssimo!

Extreme make over foi o programa que sofreu. Virou Porta da Esperança for the disabled people.. E acreditar naquela choradeira só para quem não tem cérebro, né? Será que eles realmente acham que estão convencendo alguém?

Milena disse...

Pois é... Uma pena.

Tem que ver a chamada do último: um acampamento para crianças deficientes.
Tá phoda, os caras se superam a cada vez.

Acho que a People and Arts tomou gosto por essa coisa de excluídos sociais. Agora vão estrear uma série sobre uma família de anões.