Pois é, né. Pra cada profissional competente no mundo, tem ZILHÕES de imbecis completamente desprovidos de bom senso, capacidade, etc. Então é óbvio que os professores não seriam exceção.
Pensa comigo: é preciso ser gênio pra trabalhar com crianças pequenas, em idade de alfabetização? É preciso ter prêmio Nobel? Ter doutorado, ser membro da MENSA? Não, certo?
O que é preciso, então? Um mínimo de preparo, paciência e sensibilidade.
Criança é suscetível, é influenciável. Tá em formação, tanto de caráter quanto de personalidade. Vê no professor o exemplo, uma figura de autoridade e referência. Por isso, é preciso ter noção do que se está fazendo; um pouco de psicologia infantil vai bem, obrigada.
Agora imagine a seguinte situação: uma menina de 6 anos. Recém alfabetizada, ainda se familiarizando com as letras, escrita, etc.
Essa criança, um dia, é deixada no colégio com alguns minutos de atraso. Chega à sala, e a aula já havia começado. Ou assim ela pensava.
Ao entrar na sala, nota o tom raivoso na voz elevada da professora. Todos os colegas sentados no chão, olhando para baixo, em silêncio total. Ela ouve o trecho final de um discurso que é uma mega bronca, da qual não sabe o motivo. A professora grita. Muito. Xinga a classe. Diz estar decepcionada. Diz estar CHO-CA-DA. Aponta o dedo com expressão desaprovadora para a cara das crianças, apavoradas e imóveis, humilhadas.
Ela não sabe o que está acontecendo mas, instintivamente, sabe que se fizer alguma pergunta vai ser pior. Se senta com os colegas e se encolhe, confusa, agoniada, esperando passar despercebida. Enquanto isso, a aflição de levar uma bronca sem saber o porquê é quase sufocante.
O esporro dura intermináveis minutos. Ela tenta captar, nas palavras cuspidas com violência, o motivo de tanta raiva da tia Tânia. Não consegue, nada está claro. São só agressões e acusações genéricas, declarações de insatisfação e decepção profundas por parte da tia. Mas nada lhe indica O QUE ACONTECEU.
Parece um sonho ruim, esquisito, daqueles que vc está num lugar, e de repente o lugar e as pessoas mudam de uma hora pra outra, a rua vira um labirinto. Nada ali fazia sentido, aquela não parecia sua professora, ela não conhecia ninguém ali, a bronca não podia ser pra ela. Não era possível!
Logo chega uma outra coleguinha, também atrasada. Ela sente uma ponta de conforto. Pelo menos alguém pra sentar do lado dela, com quem compartilhar, ainda que em silêncio, o absurdo do momento. Não está mais sozinha.
Mas aí acontece mais uma coisa bizarra, o sonho fica ainda mais irreal: a professora para a briga. Dá bom dia pra coleguinha:
_ Oi, Aline.
A Aline, com cara assustada, e de forma cautelosa, responde:
_ Oi, tia Tânia.
E a Aline não foi sentar do lado da menina que, confusa, assistia a cena sem acreditar. A Aline ganhou convite para ir se sentar ao lado da tia Tânia. Por quê? Porque, segundo a tia Tânia, a Aline havia "chegado atrasada" e, portanto, não sabia o que acontecia. Que por isso, era injusto que a Aline levasse bronca com o "resto das crianças".
A garota sente um aperto no peito. Quer gritar "eu também cheguei atrasada!!! Cheguei agorinha mesmo, como vc não viu???". Mas, novamente, o instinto de preservação avisa que não é uma boa idéia. Ela afunda ainda mais. E agora, além da agonia de estar perdida, ela se sente monstruosamente injustiçada.
Acaba a bronca, todos recebem ordens de ir para as suas mesas. A professora assistente distribui papéis mimiografados. Uma folha de exercícios, que dizia o seguinte: "Divida as palavras em sílabas". Embaixo das palavras, alguns quadradinhos.
A menina pergunta para a assistente como deve fazer o trabalho. Aquilo era novidade, nunca havia sido mencionado em sala de aula. Mas a assistente balança a cabeça e passa direto. Hesita um segundo, olha pra tia Tânia, que estava de costas, volta e cochicha para a menina:
_Não posso explicar, desculpe. _ A expressão em seu rosto é de pena.
Consolada pela expressão de simpatia no rosto da assistente, a menina tenta desvendar o enigma do trabalho. BOLA era a palavra. 2 quadradinhos. Pareceu lógico que ela dividisse a palavra e escrevesse BO num quadrado, e LA no outro. O que quer que as tais "sílabas" fossem. E assim ela fez, seguindo a mesma lógica com o resto das palavras.
O exercício amenizou o nervosismo, desviou a atenção do mal estar.
Durante o tempo que tiveram para fazer o exercício, Aline também chamou a assistente. Tinha dúvidas, claro, como todos os seus colegas. Tia Tânia se apressou em vir ajudá-la, e era delicada e toda sorrisos enquanto o fazia. Como que para deixar claro para o resto da classe que a Aline não era considerada parte da mesma escória.
Algum tempo depois, a tia Tânia perguntou se todos haviam terminado. Ninguém queria realmente falar, mas ficou claro que, quem não havia terminado, não ia conseguir fazer mais nada.
Então a tia Tânia parou na primeira mesa, analisou o trabalho de um colega. Andou mais um pouco, parou na mesa da menina. Provavelmente uma coincidência. Pegou o trabalho na mão, perguntou à menina se ela achava que tinha acertado o exercício. A menina respondeu que achava que sim.
E então a tia Tânia, pra mostrar quem é que mandava, amassou o trabalho na frente da menina, sacudiu o papel amassado diante de toda a turma e, de forma teatral, rasgou-o em 2, enquanto gritava que ninguém ali sabia nada. E saiu rasgando o trabalho de outras crianças em seguida, equanto a classe observava, em pânico.
Dirigiu-se então ao quadro negro avisando que ia, enfim, ensinar pela primeira vez a matéria que havia sido cobrada no exercício. Depois de explicar, refez o exercício passado anteriormente.
A menina constatou que havia acertado todas as questões. Se encheu de coragem e foi perguntar porque o trabalho havia sido rasgado, se estava certo. Como resposta, recebeu um "ninguém acertou, eu não havia ensinado ainda a fazer. Vá se sentar".
E ela, tremendo (dessa vez de raiva), foi.
O dia passou-se assim. Todos foram punidos, sem direito a recreio. Menos a Aline. Ninguém pôde brincar com os brinquedos disponíveis na sala, nem ler os livros do cantinho da leitura. Exceto a Aline.
No fim do dia, a menina voltou pra casa desrespeitada, humilhada, avacalhada, destratada, abusada. Sem nunca ter feito nada, e o pior: sem nunca ter entendido a razão.
Desse em dia em diante, foi como se o episódio nunca tivesse existido. A menina tentou perguntar à tia Tânia, mas às vezes até ficava na dúvida se a tia não tinha ouvido a pergunta. Porque a tia agia como se fosse surda, quando esse assunto era mencionado.
Os coleguinhas também nunca disseram nada. Só respondiam "não sei", com medo.
E a pobre Aline, coitada... Essa não sabia mesmo.
Os anos se passaram, e a menina pôde ver que a tia Tânia foi o primeiro exemplo prático e ilustrativo de uma pessoa ESCROTA, DESPREPARADA, INCAPAZ, FILHA DA PUTA, INCOMPETENTE, SÁDICA, DESEQUILIBRADA, IRRESPONSÁVEL, CRETINA, MAU CARÁTER.
Ou seja, ela foi uma fiel representante da maioria da população mundial, em termos gerais. O que não deixa de ser uma lição.
Apesar de ter sido uma experiência bastante dolorosa - cuja dor da injustiça a menina é capaz de sentir vivamente até hoje, quando recorda o episódio - o que ocorreu foi um excelente exemplo de como o mundo funciona.
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O engraçado é que fiz uma pesquisa pelo nome completo da filha da puta no Google, e encontrei uma página de perfil no Google Profiles que me parece ser dela mesma.
Uma senhora, da idade adequada, com um sorriso estéril. Alourada, como a filha da puta era mesmo (embora eu não me lembre das feições).
Várias mençoes a Deus e ao amor que tem por ele (não me surpreende).
E - quem diria - é do Rio. Tudo casa perfeitamente (lembrando que é um sobrenome BEM incomum).
Tânia K*****r
Hahaha, acho que encontrei a maluca filha da puta. Quem sabe eu não mando um e-mail perguntando POR QUE CARALHOS EU TOMEI UM ESPORRO?
Tem 30 ANOS que eu quero saber essa merda!
Vaca.
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