domingo, 26 de junho de 2005

O pobre e o carro

O pobre tem uma relação especial com seu carro. Parte da demonstração de amor e cuidado com esse objeto inclui sua personalização, de maneira descaracterizá-lo totalmente, tornando-o tão diferente quanto possível do que era ao deixar a fábrica, em tempos longínquos.

Essa personalização inclui, em 10 de 10 casos, filme no vidro. O mais negro possível, claro. Daqueles que não deixam você ver o que tem dentro, nem o pobre ver o que tem fora. Ou seja, daqueles tipos de insulfilm que só tornam possível que se trafegue durante o dia, em dias ensolarados. Isso mesmo: por isso que você vê muito esse tipo de veículo na orla, no fim de semana.
Ah, um detalhe: o ideal é quando a cor do veículo contrasta com a negritude do filme, como acontece, por exemplo, em carros brancos, vermelhos, dourados, etc.

Outro acessório do carro tunado de pobre (atenção para o pleonasmo) é o aerofólio, peça indispensável para quem quer enfeiar o carro e ao mesmo tempo gastar mais combustível.

Rebaixar o automóvel também é uma medida muito popular. Assim como o escapamento barulhento, para parecer que o carro tem "turbo", saca? Para o pobre, passar dentro de túnel é um sonho, pois ele consegue incomodar um maior número de pessoas.

Aliás, incomodar o máximo de pessoas é um objetivo constante do pobre que investe suas economias no carro. Ele pode estar com o nome sujo na praça, estar sem emprego, sem mulher, o escambau. Mas o verdadeiro pobre amante de carro gasta sua graninha num sistema "animal" de som.
Ele gosta de se exibir em sinais fechados, ou passar devagarinho por algum point que não tem cacife para freqüentar. Com o som no máximo volume e o carro (o dele e o dos outros) vibrando, o pobre atinge o auge da felicidade.
Nota: é impressionante como, nesses casos, invariavelmente a potência do som é inversamente proporcional à qualidade da música ouvida.

Por fim, é necessário que o pobre e seus companheiros possam identificar seu veículo de longe e, para isso, adesivos de lataria (se forem religiosos, melhor) e penduricalhos de espelho são ideais.

domingo, 19 de junho de 2005

Botafogo

Ok, eu tô agora trabalhando em Botafogo. Eu poderia dizer que, por causa disso, eu odeio ir a Botafogo. Mas a verdade é que eu já odiava Botafogo antes mesmo de ter qualquer vínculo (ainda mais um desagrável, como o trabalho) com aquele lugar.

Botafogo é um bairro escroto. Simplesmente isso. É na Zona Sul, mas parece que é na... Hm... Eu diria Zona Norte, mas seria sacanagem com a Zona Norte. Eu já morei na Zona Norte, e lá era legal. Pode até não ser "Ipanema-Leblon-Gávea" legal, mas ainda assim legal. E Botafogo não é.

Eu ando uns 2 quarteirões pra ir do estacionamento ao trabalho, e uns 3 para ir até o restaurante da hora do almoço. O que tem de gente estranha, mendigo, boteco, oficina, feira e barraca disso e daquilo na rua, é brincadeira.
Sem contar que em Botafogo é default levar o cachorro pra cagar na calçada. Não no canteiro, no meio-fio, ou na rua. Mas no MEIO da calçada, mesmo. Tem uma rua lá que é merda de cachorro do começo ao fim, tudo espalhado na calçada, como um patê numa fatia de pão.

Putaqueopariu. Eu odeio aquele lugar. Até o shopping é uma merda.

quarta-feira, 1 de junho de 2005

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço!


Adoro discursos inflamados sobre hipocrisia, de gente hipócrita.
Piro com relatos sobre a importância da generosidade, por gente mesquinha.
Gozo, só de ver o valor da honestidade ressaltado por gente corrupta.
Fico extasiada quando a lealdade é valorizada por gente desleal.

Poderia continuar, por páginas e páginas... Afinal, é assim desde que o mundo é mundo, não?

Todos juntos, agora: um grande FODA-SE para coerência!!! Êêêêêêê... \o/