terça-feira, 28 de dezembro de 2004

Tem certeza de que quer perguntar?

Fenômeno curioso: uma perguntinha atravessa meu caminho desde que comecei a conhecer gente nova (gente nova = nova por estar conhecendo agora e por ter menos idade que eu) pela Internet, através do orkut e do MSN.
Perguntinha impertinente, forçada, deslocada, indiscreta, repetitiva e altamente irritante:

"Você já teve experiência com mulher?"

Por que raios todo moleque que conheço resolve me perguntar isso? Será alguma pergunta default? Será que distribuíram formulários tipo 10 perguntas idiotas para se fazer quando se conhece alguém no MSN? Será que alguma coisa no jeito de eu escrever faz o cara do outro lado achar que eu sou sapatão?
Curioso.

Ainda que eu tivesse tido alguma coisa com mulher (ECA!), o que leva o little punk presumir que eu confessaria? Será que todas as meninas hoje em dia são sapatões? E todas confessam isso pro primeiro mané que aparece e pergunta?
Curioso, deveras.

Eu respondi "NÃO" a primeira vez. "NÃO" a segunda. "NÃO" a terceira. Até que foi enchendo o saco, sabe? Torrando a paciência.
Agora, eu, se fosse você, não me perguntaria isso. Se você for esperto, naturalmente.

Uma coisa engraçada é notar a surpresa do sujeito ao notar que estou levemente emputecida depois de ouvir a pergunta. Ele realmente parece um coelhinho pego pelo farol de um carro se movendo em alta velocidade em sua direção: meio assustado, sabendo que algo não está certo, sem saber o que fazer e com medo de sair do lugar.
Nessa hora que é legal de pisar no acelerador.

É muito divertido ver o carinha levando, na frente de todo o mundo, a mesma pergunta (obviamente, no caso troca-se o "mulher" por "homem") que fez minutos antes. Sem saber se:

1) Tenta dar uma de cool e responder "nunca tive vontade não", para dar a entender que não há motivo para se reagir à tal pergunta da mesma maneira que eu...
Ou
2) Se fica ultrajado e revela seu lado macho, para mostrar que tais pensamentos homossexuais nunca lhe passaram pela cabeça.


De um jeito ou de outro, ele se fode.

Se escolher a opção 1, é só dar a entender então que, no dia que ele sentir uma coceirinha diferente, tiver um sonho mais esquisito, ou alguém cantar direitinho, ele vai sem problema.
Praticamente qualquer coisa ou atividade entre dois homens pode ser distorcida de forma a conter mensagens homossexuais subliminares.
Pena que poucos escolhem essa opção, seria divertido.

A opção 2 é música para os meus ouvidos. Adoro chamar homem de machista, ainda mais na frente de menininhas que eles desejam impressionar. Ficam afoitos para desfazer a má impressão, e então minha diversão começa.
Para começar ataco a coerência do cidadão. Ora pois, onde está a reciprocidade? Se ele pode perguntar isso pra mim como se a possibilidade fosse real, por que não eu pra ele? Por que a cara de espanto? E por que o "eu? eu não, pô!"?
Em seguida é hora de mostrar e enumerar todas as circunstâncias que me levaram a tão elementar raciocínio, quando estas são solicitadas.

- Homem mija um olhando o pau do outro. Tsc tsc, que coisa mais horrível. Vê se eu ia querer entrar num banheiro e ver todas as mulheres fazendo xixi na frente umas das outras. Sai pra lá! E depois eles se preocupam com o que NÓS vamos fazer no banheiro juntas... Esquisito, no mínimo.

- Homem fica pelado no vestiário, todos de pau de fora, evitando olhar pro pau um do outro como se este fosse a Medusa. Talvez por medo de virar pedra (o que, vamos e convenhamos, faria dele um gay mesmo).
Eu não tenho medo de olhar pra um par de peitos em vestiário, porque sei que não vou sentir nada. Confio na minha heterossexualidade, estou segura do que quero. Então não tenho medo.
Mas eles morrem de medo. Esse medo é algo a ser explorado, rende muita risada.

- Ah, o mundo dos esportes! Um baú recheado de situações potencialmente homossexuais enrustidas. Vale mencionar os patoladores do futebol, os tapinhas nas nádegas do vôlei, a agarração estilo frango assado do jiu-jitsu, as opções são infinitas!



Um amigo mencionou que a "culpa" pelo pensamento de que "toda mulher é potencialmente bissexual", é da propaganda da mídia. Que os carinhas tarados em lésbicas são apenas o público-alvo, e que as mocinhas de hoje se empenham para confirmar tal conceito.

Pode ser.

One way or another, aposto que o conceito foi criado por homens. E para homens.
Como sempre, as mulheres acabam entrando na onda para não perder mercado, já que a competição é ferrenha.

Triste, para não dizer o mínimo, que minha filha (se um dia eu tiver uma) tenha que crescer num mundo onde é normal uma mulher chupar outra, mas fio-terra continua sendo coisa de viado.
A igualdade continua sendo só um sonho.


Enfim, pra encerrar: vai perguntar mesmo? Melhor pensar 2 vezes. Eu não faço prisioneiros de guerra.


"Vem cá meu amor, que isso é coisa pra macho!"

quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

Sempre assim...


Eu reclamo, reclamo, mas a verdade é que eu adoro Natal. Odeio Reveillon, mas adoro Natal.

Natal é época de ficar com a família, e eu adoro minha família. Época de presentes, e eu adoro dar e ganhar presentes. Época de mesa farta, e eu adoro comida. Época de compras, e eu adoro comprar e gastar. Época de preparativos, e eu adoro arrumar a árvore e essas cafonices todas. Até de escrever os cartões pros poucos amigos que eu tenho, eu gosto.

O que mata é a ansiedade, o cansaço da correria, a adrenalina de ter que comprar presentes na última hora e a falta de grana no fim do ano. Mas sem isso, não seria Natal.

Eu reclamo, eu sei. Mas é força do hábito.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

Girls´ Day Out

Acordar cedo, fazer uma coisa chata, rapidinho. Pegar um táxi e atravessar a cidade para convencer um velhinho rabugento a fazer o que eu quero. Esperar ele fazer. Em seguida, visitar um lugar pela primeira vez. Sair dali e comprar coisas que eu adoro comprar, mas não necessariamente estou precisando.

Tudo isso enqüanto conheço ao vivo uma pessoa da qual já gosto.

Será divertido.

RESET

Hoje eu dormi 12 horas, ininterruptas, sem sonhar. Não vi nada, não ouvi nada, não estou com dor nas costas nem no pescoço.

Resetei meu cérebro.

O timing não podia ter sido melhor, já que o fim de semana vem aí.

Por enqüanto, mais energia e disposição. Vamos ver quanto dura, até começar a tortura de novo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

Pesadelo Natalino

É... Noite virada. 6:53 da manhã. E a anta aqui só agora lembra que marcou compras de Natal com a mãe, no Barrashopping. Taquiupa, tô ferrada.

Andar durantes algumas HORAS, de salto alto, num shopping que certamente vai estar entupido de gente. E tudo isso com sono e, obviamente, aturando esporro da minha mãe (que vai notar minha cara de sono, óbvio).

Pior: pra comprar presentes pros outros. Pra amigo oculto. Amigo oculto esse que eu nem sorteei, sortearam pra mim. Nem sei quem eu tirei, minha mãe que sabe.

Até uns 3 anos atrás, eu curtia Natal. Depois foi perdendo a graça, agora eu acho uma inconveniência.

E pior que eu ainda nem sei o que eu quero ganhar...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

Cheiros

De todos os meus sentidos, o olfato talvez seja um dos mais apurados. Eu sinto cheiro de tudo, antes de todo mundo. Qualquer cheiro de gás, de queimado, me preocupa e eu saio correndo, enqüanto o resto das pessoas nem se liga no que tá acontecendo.

Enfim, resolvi escrever hoje aqui para falar de cheiros bons. Cheiros que trazem lembranças... lembranças ótimas. Vou listar alguns dos cheiros que me deixam feliz, e dos quais eu tenho saudade:

- Cheiro de loja de departamento... Alguém lembra do cheiro da Sears?

- Cheiro do cookie fresquinho que vendia no quiosque da Mesbla (ngm vai lembrar, mas eu lembro).

- Cheiro de bala Supra Sumo de limão... Delícia! Estragaram a porra da bala metendo hortelã no meio. Sacrilégio.

- Cheiro de bebê... Lembro de quando minhas primas eram pequenas.

- Cheiro de shampoo de maçã verde da L´Oreal, que não fabrica mais.

- Cheiro do brilho de moranguinho da Avon, que voltaram a fazer. Comprei por esse motivo.

- Cheiro de sauna, de eucalipto. Me deixa feliz.

- Cheiro de bisnaga quentinha... AAAAHHH, saudade!

- Cheiro de praia.

- Cheiro de caderno novinho, quando começavam as aulas.

- Cheiro de chiclete Azedinho-doce.

- Cheiro do extinto rocambole de chocolate da Pullman, que vinha com faquinha (sim, eu consigo sentir o cheiro até hoje).

- E, at last but not least... Cheiro de Caladryl! Ô cheiro bom do cacete! Me lembra meus verões da época em que filtro solar não existia, e a gente ficava ardido e cor-de-rosa... E só conseguia dormir à base de muito Caladryl. Coisa boa...

Com licença... Vou comprar um Caladryl pra cheirar.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

Apelo

Amiguinhos, por favor atendam ao apelo de uma criatura ansiosa, curiosa, obsessiva e paranóica...

Ao comentarem, identifiquem-se, sim?

Obrigadinha!

Um beijinho para todos!

terça-feira, 7 de dezembro de 2004

Trocando figurinhas

Conversando e trocando idéias, a gente adquire conhecimento.

Falando de diversas coisas com um amigo no MSN, conversa vai, conversa vem... Acabamos chegando ao assunto ilustração, interesse que temos em comum.

Eis que ele me apresenta o trabalho de um artista que eu não conhecia, e tenho a chance de fazer o mesmo por ele.
Trocamos desenhos e dicas, muito legal. Internet tem dessas coisas, tudo ao alcance de um clique.

Fiquei conhecendo o traço de Milo Manara. Gostei muito, pretendo comprar alguns livros, ler algumas histórias, já que até agora só vi seus desenhos pela Internet.
Linhas simples, profundo conhecimento das formas femininas. Me fez lembrar os tempos das aulas de modelo vivo na faculdade.

Em troca, apresentei as ilustrações de Boris Vallejo, meu artista preferido.
Mestre da Fantasy Art, suas pinturas a óleo por vezes parecem fotografias, de tão perfeitas. E a gente se perde ao admirar os detalhes, envolto no clima de sedução e mistério dos desenhos.

Abaixo, exemplos de como os dois artistas trataram o mesmo tema. Cada um a seu estilo.
À esquerda, desenho de Milo Manara. À direita, de Boris Vallejo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

The point of no return

Eu, sendo levada de carro para o hospital. Por algum motivo (que eu não sei qual é) resolvem me internar, por tempo indefinido.

Sou instalada na cama, com direito a camisolinha estampada, daquelas que amarram atrás. Soro no braço, enfermeira tirando pressão. Médico vem, faz um monte de perguntas, pede um monte de exames, anota alguma coisa na ficha. Meu marido falando no celular com a minha mãe.
E eu achando tudo normal, como se fosse algo esperado.

Até que me dou conta: como ficar aqui tantos dias? E o computador? E a Internet? Orkut? MSN? Entro em pânico. Não por causa da minha (desconhecida) doença, mas por causa do meu isolamento forçado. Tenho que pensar em alguma coisa.

Já sei! Meu notebook. Peço que o tragam para mim, ele aparece. Mesmo tendo sido vendido há um tempão, hoje eu o tenho em minhas mãos. Ou melhor, no meu colo, em cima da colcha de hospital. Mas não tem Internet no hospital, não me deixam ligar na linha telefônica. Irritação. O jeito é me virar com mensagens no celular. Saco.

Segue-se a lista de afazeres, entregue a terceiros: atualizar o flog, com uma breve explicação. Atualizar o blog (redijo e entrego o texto, a letra horrível, pela falta de prática). Mudar o nick no MSN para "Estou no hospital. Mais informações, visite o flog ou o blog". E imprimir meus scraps e trazê-los para mim.

Então, ao final do dia, vêm os exames, trazido pelo médico que, sabe-se lá porque, era o Herson Capri. Parece competente, presto atenção no que ele diz. Tá dizendo que eu tô bem, já posso ir para casa, só preciso me cuidar. Que tudo vai ficar bem.
Acredito nele.

O vício me domina até nos sonhos. É isso, não há mais como negar.