terça-feira, 27 de maio de 2008

Morro e não vejo tudo

Trânsito, eu voltando pra casa depois do trabalho, distraída cantando uma musiquinha no carro. De repente, escuto um barulho: "TSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!". Volto a cabeça e vejo a traseira do carro do lado arriando.

_ Coitado, furou o pneu... _ pensei.

Mas, logo em seguida, outro "TSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS", e o carro do sujeito arria na frente também. Mais um, e o sujeito levanta o carro de um lado só. Mais outro, e sobe o carro do outro lado.

O trânsito andou, e ficou o babaca lá ajeitando o carro, que estava todo torto.

Ah, na boa... Vai se fuder. Que coisa escrota! O cara bota essa merda pra quê? Só pra ficar dando showzinho em engarrafamento? Só se for... Troço mais inútil da porra.

E claro: adivinhem qual o carro. ¬¬

BMW que não era, né?


quinta-feira, 22 de maio de 2008

Réplicas Mentais

Por vezes, eu tenho vontade de responder às pessoas como elas merecem ser respondidas. São tantas perguntas idiotas, é tanta falta de noção, de educação, é tanta folga... Que seria justo dar uma de "Seu Saraiva".
Mas eu tenho preguiça. E um certo receio de gerar uma situação mais incômoda do que a original, e que dê mais trabalho do que simplesmente ignorar. Então respiro fundo, e tento pensar em outra coisa.

Na ultima viagem ao Rio, eu fui de ônibus leito. A 1001 é a única que têm leito durante o dia, e são apenas alguns assentos (6, para ser mais precisa) em um ônibus de 2 andares. As poltronas são grandes, um das fileiras é de apenas 1 poltrona (ou seja, ninguém do seu lado), o corredor é espaçoso, tem sofazinho do lado da geladeira pra quem quer tomar uma água ou comer um lanche... Enfim, bem mais civilizado.

Ok, começo da viagem: entrando no ônibus.
Acho que, pela primeira vez na vida, cheguei muito cedo em algum lugar. Ao alcançar a plataforma, o ônibus não estava lá, e eu era a primeira da fila. Beleza.

Os passageiros ganham lanchinho da companhia, e o lanche dos passageiros de passagem leito são melhores que os passageiros de executiva. Já começou com a mocinha me dando o lanche errado (acho que ela me achou com cara de pobre, sei lá. Tanto faz.).
Apontei o erro, e esperei ela trocar o lanche enquanto pensava (na minha primeira réplica mental) "era só olhar a passagem, minha filha. Não é como se vc não ganhasse pra fazer EXATAMENTE isso, ou como se tivesse muita gente na fila e vc estivesse sem tempo".

Em seguida, já instalada na minha poltrona isolada, vejo o segundo da fila (um senhor magrinho) enfiar a carona pelo meio da porta e analisar o cômodo. Achou por bem entrar e dar mais uma fuçada. Aparentemente, gostou do que viu: "legal aqui, né? E tá vazio".
Réplica mental: "sim, meu senhor, LÓGICO que está vazio. O senhor é a segunda pessoa a entrar no ônibus, porra. Queria que estivesse cheio?". Mas fiquei calada. Olhei pra fora, pela janela.
Em seguida, ele insistiu: "será que o motorista deixa a gente viajar aqui?"
Réplica mental: "sem dúvidas. É só o senhor pagar o preço da passagem, que ele deixa.". Mas continuei olhando pra fora.
Ele saiu, e pude ouvir ele perguntando ao motorista e (surpresa!) levando um "não". Subiu, e foi-se. Ótimo.

A próxima foi uma mulher que, sem a menor cerimônia, entrou e foi se aboletando num dos braços da poltrona oposta à minha. Senti que ela 1) não tinha passagem leito, e 2) ia querer conversar. Não deu outra.
"Nossa, tô morrendo de vontade de ir ao banheiro. Mas tem gente lá dentro".
Réplica mental: "não perguntei nada... E putz, 5 minutos dentro do ônibus e já tem alguém no banheiro???". Fechei meus olhos e recostei na poltrona.
"Ai, tô aqui desde 9 horas da manhã. Estou tão apertada!", continua ela.
Réplica mental: "puta que o pariu, minha filha. São 11:40 da manhã, por que caralhos vc não foi ao banheiro da rodoviária? Tudo isso só pra esperar e ir no banheiro do ônibus? É muita vontade de mijar em lugar apertado, hein?". Coloquei meus fones de ouvido, e afundei mais na cadeira.

Entra o próximo, alguns minutos depois. Deixa a mochila na poltrona da frente, e sai pra fumar, enquanto o ônibus não sai. Mas fecha a porta do recinto leito. Boa medida, agradeci mentalmente. Quem for de leito, que abra a porta ou pergunte ao motorista onde deve sentar. Devia ter feito isso antes, mas não achei que os folgados iam ficar invadindo o espaço.

Daqui a pouco volta o cara, e entra o motorista para ajeitar a TV. Tirei os fones, porque queria garantir que o som não ficasse muito alto. O motorista colocou o filme, mas setou o áudio para espanhol. Avisei. Ele mais que prontamente corrigiu, fazendo a mesma coisa. "Agora está certo, né?".
Réplica mental: "se por isso, o senhor na verdade quer dizer que está exatamente como estava antes, sim". Mas pensei "foda-se", e deixei pra lá. Não ia assistir mesmo... Respondi que sim com a cabeça.

Quando o motorista saiu, o cara percebeu que o áudio estava em espanhol ainda. Eu perguntei se ele ia assistir, pois se não fosse poderíamos desligar a TV. Ele disse que ia, que tinha o DVD em casa, e adorava o filme. Já tinha assistido não sei quantas vezes. Então tá. Foda-se [2].

Então perguntou "entrou alguém aqui, do pessoal lá de cima?". Respondi que sim. E ele comentou como o pessoal era folgado, e eu concordei. Então disse: "tudo isso só por causa de 12 reais de diferença... Por que não compram a passagem leito?"
Réplica mental: "porque, uma vez que a passagem executiva custa 67 e a leito custa 89. Gastariam 22 reais a mais, não 12, seu burro. Dá mais de 30 % de aumento.".

As pessoas me dão MUITA preguiça.