terça-feira, 19 de julho de 2005

quinta-feira, 7 de julho de 2005

The Gods may throw a dice...

...Their minds as cold as ice
And someone way down here
Loses someone dear


Em algum momento, na minha insignificante existência, eu irritei os Deuses. Devo ter feito algo muito sério. Agora, o que eu vivo, é conseqüência da minha maldade e desobediência.

Primeiro, eu fui negligente. Depois, eu fui imprudente. Primeiro, eu deixei morrer. Depois, eu acreditei que um recém-nascido podia caminhar com as próprias pernas. Primeiro, minha arrogância impediu de resgatar. Depois, mesmo despida de todo o orgulho, eu nada pude.

Agora, é viver um dia após o outro, como uma formiga operária. Acordar, fazer tudo no automático, voltar a dormir. Repetir tudo, eternamente, como um CD no repeat.

Para o lado oposto, que ironicamente admirei e com o qual inexplicavelmente sempre simpatizei, fica minha congratulação pela presença de espírito de fazer algo que eu sequer tentei, quando passei pela mesma situação. Tivesse tentado, poderia ser eu a salvar algo.

Mas não era meu destino. Não sei qual é o meu destino, mas não parece ser a felicidade. Essa eu tinha em minhas mãos até pouco tempo. Pensando bem, acho que nunca foi realmente minha, estava apenas emprestada.

Não posso dizer que foi uma surpresa. Eu sabia que podia acontecer, sempre soube. Até verbalizei uma vez, mas me deixei ser convencida pela sweet talk, pelo que eu queria ouvir. Fui avisada, mas coloquei no fundo da minha mente, pois o aviso veio de alguém que não me conhecia e eu deixei que isso lhe tirasse o valor.

Azar o meu, menina que quer o que não pode ter. Bem-feito para mim.

Se tudo serviu para alguma coisa, eu agora acho que creio em Deus. E meu pai tem razão, a Internet é o demônio. Destruiu minha vida, pelo menos. Para sempre, de forma irremediável.

Para quem gosta de mim, ou para quem simplesmente passa por aqui:
Seja você amigo ou "inimigo", conhecido meu ou de amigos meus, ou apenas um leitor anônimo deste blog... Por favor deixe seu comentário. Dê sua opinião, fale o que tiver vontade, deixe-me saber o que você pensa, o porque de ler estes textos.
É o meu último post, e em poucos dias este blog não mais existirá. Queria partir sabendo um pouco mais de vocês.

Abraço,

Milena

sábado, 2 de julho de 2005

Tchau


Tenho um hábito desde pequena: quando estou viajando, ao deixar um lugar do qual gostei, dou um "tchau", às vezes em silêncio, outras vezes até mesmo em voz alta. Um tchau para os lugares que visitei, para as coisas que vi, para as pessoas que conheci.

Inúmeras vezes disse "tchau, Búzios, até a próxima". É um ritual que amenizava o fim de uma temporada legal, já que nunca gostei de despedidas. É, eu não gosto de me despedir nem de lugares e coisas.

Dessa vez, eu estou dizendo um tchau definitivo. São coisas que eu não vou ver mais, um lugar que não é mais meu. Coisas que eu ajudei a escolher, lugar que eu arrumei do meu jeito.
Já chorei por ter de deixá-los, mas não mais. A gente anda pra frente, e eu prometi a mim mesma (e a mais alguém) que não vou mais olhar pra trás.

No entanto, rendo uma última homenagem a essas coisas que me fizeram companhia por tanto tempo, e que para a maioria das pessoas não significam nada (talvez eu seja materialista demais):

Tchau para a minha cama gigantesca, e para o meu banheiro cheio de espelhos. Tchau para o meu chão de parquet paulista, que deu um trabalhão para clarear e ficar cor de mel. Tchau para o meu armário, onde cabiam todos os meus sapatos. Tchau para o meu sofá, que já está marcado e amaciado no lugar onde eu gostava de deitar. Tchau para a minha parede mostarda, que todo mundo disse, quando eu escolhi a cor, que eu era maluca e que depois de pronta todo mundo gostou.


Tchau para a árvore em frente à minha varanda, que me deixava andar pelada pela casa sem ninguém me ver.

Tchau para a Elvis, que rói tudo que é fio, e que esta semana roeu o cabo da NET, mas que adora cafuné. E tchau para o Pouca Coisa, que também não vai com a mamãe, apesar da carinha linda.
Tchau para o Deri, que resolvia um monte de pepino e deixava meus convidados pararem na garagem. E tchau para o Antônio, que lavava meu carro com cuidado.
Tchau para a Idália, que é mais do que uma empregada, é uma segunda mãe (um dia vou te buscar, você ainda vai trabalhar comigo de novo).

Tchau para o shopping, que era uma merda e hoje em dia tá até legalzinho. Tchau para a farmácia da rua, que apesar de cara pra cacete, vendia remédio sem receita. Tchau para o salão de beleza, que, apesar dos preços exorbitantes, tinha uma menina que fazia uma unha supimpa.

E tchau para a Gávea. De tudo na lista, é justamente do que eu não vou sentir falta. Apesar de ser considerado uma das melhores qualidades de vida do Rio, não acho graça nesse bairro.
Trânsito demais, barulho demais, gente demais concentrada. Um bairro comum, mas que os moradores encaram como se fosse o Paraíso na Terra. Nem longe demais da praia, nem perto o suficiente. Muito ônibus na rua, sem metrô, meio contramão para arrumar condução para qualquer lugar. Estacionamento então, nem pensar. Bairro que também serve de acesso e passagem, de prédio grudado um no outro. E onde falta luz direto.
Tchau pra você, Gávea.


Phase III begins.