sábado, 13 de janeiro de 2007

Alice no país da Blockbuster

Aqui em casa a TV é basicamente um dispositivo para assistir DVDs. TV mesmo, seja a cabo ou aberta, é um dia na vida outro na morte.
Pensando nesse nosso hábito e numa melhor relação custo/benefício, resolvemos aderir a um plano mensal de aluguel de filmes na Blockbuster, chamado de MoviePass.
O negócio é muito interessante, e funciona mais ou menos assim: vc paga um X fixo por mês, com direito a um número X de locações. Vc pode alugar, dependendo do plano escolhido, de 1 a 5 filmes de cada vez. Se não usar todas as locações a que tem direito, azar o seu. Ainda que vc alugue apenas 20% do que tem direito, vale a pena financeiramente.

Já conhecíamos esse tipo de esquema, pois éramos sócios de uma locadora online que funciona da mesma forma. Mas a locadora não era lá nenhuma Blockbuster, e a lista de lançamentos deixava muito a desejar. Quando, fuçando o site da Blockbuster, nós demos de cara com a chamada desse serviço, resolvemos mudar. É aí que começa a parte lisérgica da história.

Bem na primeira página do site, num banner na parte cima, há um link para vc se cadastrar no serviço MoviePass. Esse link leva vc a este hotsite, dentro do site da Blockbuster.
Pois bem. Vc clica em "assinatura online", e começa a fazer o seu cadastro. Até aí, tudo bem. Então, vc chega à lista de profissões, em formato de droplist, para selecionar a sua. Normal.
O que NÃO é normal, no entanto, são as profissões que constam dessa lista: garota de (sic) progama, gigolô, professoura, arcteto, prostituta e (por que não?) secador de gelo.

Para quem acha que estou brincando, é só conferir:




Mas a aventura continua: apesar da sineta de alarme que soou em nossas cabeças ao vermos a lista de profissões do cadastro, seguimos em frente e assinamos o plano, efetuando o pagamento online com cartão de crédito. O sistema de cobrança direcionou a página para o website da credicard, e o débito foi automático.

Como a assinatura já estava paga, e já éramos cadastrados como usuários na loja que escolhemos para utilizar o sistema MoviePass, achamos que estaria tudo bem ao estrear o serviço naquele mesmo dia. Saímos, passeamos, fomos a um restaurante, e algumas horas depois estávamos na Blockbuster.

Devo dizer que foi um pouco frustrante quando o funcionário da loja "não encontrou" nosso cadastro no sistema MoviePass. Assim como foi frustrante o gerente chegar logo depois e dizer que a opção de adesão ao sistema não existia no site.

O que aconteceu a partir daí foi ridículo, para dizer o mínimo. O gerente disse na nossa cara que era impossível fazer isso pela internet. Perguntamos se ele achava que estávamos mentindo, e ele então mudou a frase para "ninguém me informou que isso estava disponível".
Eu peguei o folheto do MoviePass que ficava em cima do bacão, no caixa, e mostrei a ele: o folheto continha o endereço do site. Ele desconversou e disse que era apenas para informações.
Pedimos então que ele acessasse o site da Blockbuster para que pudéssemos mostrar onde adquirir o serviço. Ele desconversou e disse que não tinha acesso à internet. Seu monitor, no entanto, mostrava aberto o Outlook Express, exibindo e-mails.
Perguntei se era possível entrar em contato com alguém acima dele que pudesse nos dizer o que fazer, e ele disse que ninguém saberia, porque esse serviço não existia. Nem tentou. Disse ainda que não adiantava mandar e-mail para o gerente geral, pois depois das 18 hs o e-mail não era respondido, até o dia seguinte. Falou isso de frente para seu monitor, virado de costas para nós. Balançava a cabeça em negativa, vez ou outra.

Pedi então para o Le ligar para a administradora do cartão. Quem sabe, uma vez que nosso cadastro não havia sido encontrado, a transação não tivesse sido completada? Mas a administradora confirmou o débito em nome da Blockbuster.

Como a loja da qual contratamos o serviço era aquela, tentamos cobrar uma posição do gerente, ainda que fosse preciso imprimir o extrato da conta do cartão para comprovar o pagamento. Tudo o que ouvimos foi "isso não é comigo, pelo que me consta foi propaganda enganosa. Não tem nada a ver comigo".
Ainda argumentamos que, na posição de gerente, ele representava a Blockbuster, e se havia algum problema com um serviço oferecido a um cliente, era responsabilidade dele tentar resolver. Ele simplesmente respondeu que não representava a empresa, apenas a loja.
Quando perguntamos seu nome, avisando que faríamos uma reclamação formal com o escritório central da empresa devido à sua falta de polidez e sua má vontade conosco, ele disse "Jailson". "Jailson de que?", perguntou o Le. "Só Jailson", respondeu.



Só para dizer como a história terminou:

300 metros à frente, uma outra loja da Blockbuster. Entramos, desanimados. Expliquei o caso ao funcionário, sem esperar que ele pudesse fazer algo. Nós íamos apenas alugar qualquer filme (nos recusamos a alugar na loja do "só Jailson").

O funcionário prontamente chamou o gerente que, interessado, tentou descobrir o que havia acontecido. Entrou no webiste da Blockbuster (hm, eles TÊM acesso ao site, então! Quem diria...), viu a opção de assinatura online, viu a lista absurda das profissões no cadastro, viu que o link do pagamento levava direto à página do cartão.
Pegou o telefone, ligou para alguém, aparentemente um gerente geral (olha só, havia até alguém para quem ligar e se consultar!). Não conseguiu uma resposta para o problema.

Então, pegou o telefone do Le e prometeu resolver o problema no dia seguinte, e ligar avisando. E foi o que fez.

Deixamos de ser clientes do "só Jailson" para sermos clientes desse rapaz e sua equipe.

2 comentários:

homempasmado disse...

Por cá temos o livro de reclamações, que as lojas devem possuir e onde o cliente pode reclamar. Esse livro é fiscalizado por uma entidade que existe para o efeito.

Chegaste a enviar a tal reclamação formal para o escritório central?

Milena disse...

Enviamos, mas não houve resposta. Nem fizeram o estorno do cartão. O pobre do gerente da nossa nova loja é que está tendo que cuidar disso também, coitado.