quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Rio X São Paulo - Parte I

Estou morando em São Paulo há mais ou menos 10 meses, mas sou carioca. Ambas são cidades grandes, e compartilham não só as mesmas conveniências, como os mesmos problemas. A adaptação foi bem mais suave do que eu previa, mas algumas pequenas dierenças ainda me chamam a atenção, e me divertem. Farei uma série de posts, em doses homeopáticas, sobres essas sutilezas, e aqui está a primeira parte:


Diferenças Culturais

Sempre existiu uma rivalidade entre cariocas e paulistas, e eu não sei de onde veio isso. A gente acaba acreditando que, quando visitar a cidade rival, vai encontrar resistência por parte dos locais. Isso é uma grande balela, pelo menos na minha experiência. Fui muito bem recebida pelos paulistas.

No trato pessoal, os paulistas são, de maneira geral, mais polidos que os cariocas, embora mais distantes. Não são tão abertos a amizades e brincadeiras logo de cara, mas isso não quer dizer que não sejam receptivos.

Aqui (para futura referência, aqui=São paulo), as pessoas se visitam mais, vão mais umas às casas das outras. A maioria dos programas é feita à noite, em bares ou restaurantes, ou (claro!) shoppings.
No Rio, é muito mais comum se encontrarem ao ar livre, ou em algum barzinho à beira-mar. E programas diurnos são tão populares quanto os noturnos. Carioca não vai muito à casa dos outros, não me perguntem o porquê. E shopping, no Rio, é para compras ou cinema: restaurantes não fazem muito sucesso, à exceção dos fast-food nas praças de alimentação.

Os paulistas se vestem mais formalmente, mesmo quando estão despojados. Difícil encontrar alguém andando pela rua de sandália papete ou chinelo de dedo, hehe.
Em compensação, são raríssimas as situações onde se pode usar uma bota no Rio de Janeiro sem passar ridículo.

Aqui também há tribos: góticos, EMOs, gente cheia de piercings e tatuagens. Andam em grupos, cheios de atitude e roupas semelhantes. É só dar uma passeio pela Av. Paulista ou ir a um shopping que vc encontra pelo menos uns 3 grupos desses.
No Rio, o máximo que se vê nesse aspecto são grupinhos de surfistas no calçadão. Acho que lá ninguém sabe o que é um EMO, e a maioria nunca viu um adolescente de cabelo cor-de-rosa.

Ah, e em Sampa existem japoneses. Um monte deles. No Rio, posso passar 3 meses sem ver um. Engraçado.

No Rio, as meninas clareiam as pontas dos cabelos para parecerem "queimados" de sol. E, quanto mais bronzeadas, melhor. Carioca sem marca de biquíni não é carioca.
Em São Paulo a mulherada pinta mais o cabelo. Comum ver meninas na faculdade com longos cabelos vermelhos. E branquinhas de pele.

E como aqui se come pizza!!!

Por último (e isso dava um capítulo à parte), vêm os sotaques e as gírias. No começo eu achava tããããão diferente! Hoje nem ouço mais o sotaque, a menos que seja muito carregado. Mas tem algumas coisas divertidas:

Em Sampa, 95% das frases começa com "então...". E, em vez de "de nada", eles dizem "magina!". A "parada" carioca (termo genérico para descrever qualquer coisa), virou "bagaça". E não podemos esquecer o tradicional "meu", que é o equivalente do "cara" carioca.

Ninguém em São Paulo se assusta, rs. Eles simplesmente assustam, sem o pronome. E não fazem nada às sextas, fazem de sexta.

Eu sempre peguei sotaque muito fácil, achei que ia acontecer o mesmo desta vez, mas até agora nada (até onde eu saiba).
Mantive meus "S" chiados, em vez dos "S" sibilantes dos paulistas. Ainda bem. :)
E certas palavras, eu morro mas não adoto: eu NUNCA vou falar "farol" em vez de "sinal". Nem "pebolim" em vez de "totó". E sigo chamando zíper de fecho eclair.

:D


3 comentários:

Leandro disse...

Não chamando "mexerica" de "tangerina" já tá bom.

E agora você come tanta pizza quanto carioca, ô chatinha :P.

No Rio, as pessoas não saem pra uma pizza. Saem pra um chopp...

Milena disse...

Que eu saiba, tangerina e mexerica são coisas diferentes, ou não?
Anyway, eu chamo de tangerina. A palavra "mexerica" é feia de doer.

Anônimo disse...

Há uma competição sutil e divertida

Uma troca de brincadeiras inofensivas com os respectivos sotaques e mentalidades diversas
Porém, não há uma indisposição oficial como alguns acreditam e as vezes até querem sustentar.